Aka to kuro (revista)

Foto de Aka to kuro

Aka to kuro (1923-1924), em tradução Vermelho e preto, foi uma revista poética de cinco edições publicada durante os anos de 1923 e 1924 por iniciativa de Hagiwara Kyōjirō (1899-1938), Tsuboi Shigeji (1897-1975), Okamoto Jun (1901-1978) e Kawasaki Chōtarō (1901-1985), principais contribuidores da revista. Contemporâneos, os autores compartilhavam inquietações que marcaram a juventude letrada do país diante da rápida e intensa guinada sociocultural que caracterizou principalmente os anos finais de Meiji (1868-1912) e o curto Período Taishō (1912-1926).

Hagiwara, Tsuboi, Okamoto e Kawasaki foram jovens letrados que atravessaram o convoluto cenário da época e, nele, se moldaram subjetivamente. Todos estes contribuintes confluíam politicamente para o anarquismo, mas anarquismo individualista de base stirneriana e, por isto mesmo, mesclando certo niilismo que está presente em germe no pensamento de Max Stirner (1806-1856). Niilismo que no Japão de então era identificado como diretamente associado aos movimentos de esquerda radical, apesar de sua polissemia. Aka to kuro, fundada por estes jovens, estava sintonizada situacional, ideológica e temporalmente com as vanguardas europeias, principalmente com o Dadaísmo, o que a faz uma das pioneiras do gênero no Japão. A revista, enquanto norte, defendia uma revolução artística que fosse também uma arte revolucionária estabelecendo, assim, o contraponto que propunha.

A revista durou apenas cinco edições, em que quatro foram numeradas e publicadas em janeiro, fevereiro, abril e maio de 1923. A quinta edição, publicada somente em junho de 1924, é visivelmente uma descontinuidade e apresenta somente um cabeçalho em que o título da revista vem impresso, abandonando a capa mantida até então.

Apesar da posição revolucionária com que a revista se apresenta ao público, o que se pode encontrar na primeira edição não necessariamente é fiel a essa vontade demolidora. Os poemas surgem, primeiro, mais próximos das tendências então em voga no país, como a poesia em estilo livre e oral (kōgo jiyūshi), muito trabalhada por uma Poética Democrática (minshūshi-ha) que colheu influências em Tolstói e Whitman, por exemplo. Este tipo de poética ofereceu para a poesia japonesa uma proximidade temática aos cidadãos comuns do país através do emprego destes enquanto motivos de poemas, mas foi duramente criticada pela instrumentalização e falta de esmero estético. Aka to kuro, como uma produção de seu tempo, carregava muitos traços que remetiam diretamente a este tipo de poética. Entretanto, na medida em que novas edições são publicadas, os poemas também se tornam gradativamente mais dissidentes e provocativos.

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